Mística e Simbologia

Mística

“Todos os projetos devem responder às aspirações daqueles que os vão viver; devem partir dos seus desejos e sonhos. Os sonhos materializam-se num imaginário com personagens e símbolos. O imaginário existe em todas as idades, apenas se torna menos explícito com o crescimento e vai-se transformando em situações reais.” In A Caminho do Triunfo – B. P. 

Baden-Powell, ao criar o escutismo, baseou-o no jogo. Neste jogo estão inseridas as histórias, os ambientes, os heróis e os símbolos. A tudo isto acrescentou um objetivo claro de educar os jovens. Criou, assim, o Imaginário. Este entende-se por: 

“Ambiente que envolve um determinado grupo e que se traduz por um espírito e uma linguagem próprios. Envolve uma história com heróis e símbolos. Induz a um sentimento de pertença em relação ao grupo e permite a transmissão de determinados valores, na medida em que fomenta a identificação com os heróis e a atribuição de importância e significado aos símbolos da história.” In Manual do Dirigente 

Na 4.ª secção o imaginário não é específico, uma vez que aos Caminheiros/Companheiros é mais útil a observação do mundo real, de modo que um conhecimento consciente de si mesmos e da realidade que os rodeia lhes permitam envolver-se de forma ativa na sociedade, participando como cidadãos conscientes e responsáveis. 

Da mesma forma, a simbologia da 4.ª secção pretende dar ao Caminheiro algumas ferramentas para olhar o mundo e ser capaz de se encaixar nele, seguindo os seus ideais e formulando as suas opiniões. Quando olhamos a simbologia no seu todo, percebemos que todos os elementos se complementam e permitem ao jovem desenvolver as várias dimensões do seu ser como forma de afirmação e definição de si mesmo.

O Projeto Pessoal de Vida

Por caminho não quero significar um caminhar ao acaso, sem finalidade, mas antes um trajeto agradável com um objetivo definido, ao mesmo tempo que há a consciência das dificuldades e perigos que podem deparar-se-nos no percurso”. Baden-Powell

O PPV, como o próprio nome indica, é o Projeto Pessoal de Vida. O maior objetivo deste projeto é o de criar uma necessidade no Caminheiro de traçar objetivos para si mesmo e de perceber para onde quer ir. O PPV acaba por ser uma ferramenta muito rica e útil, que permite ao Escuteiro que se encontra na última secção da nossa Proposta Educativa, “dar o salto” para fora do movimento. 

É importante refletir em todas as áreas da vida quando se elabora o PPV. Mais do que ter uma “receita” para o mesmo, o importante é perceber a sua essência e tremenda utilidade que tem quando nos propomos a perseguir os nossos sonhos. Para que o Caminheiro consiga interiorizar a grande valia do seu PPV, é importante que o Chefe de Clã compreenda e sinta também a diferença positiva que o PPV traz e trouxe às (grandes) decisões da sua vida. 

Da primeira vez que apresentamos o PPV aos Caminheiros, é importante termos alguns exemplos e irmos falando das várias áreas possíveis em que devemos traçar objetivos (exemplo: Eu, Amigos, Deus, Profissão/Escola, Família, Escuteiros, entre outras). À medida que o tempo vai passando e os Caminheiros vão crescendo, eles próprios irão percebendo quais as áreas em que devem refletir mais e nas quais devem focar os objetivos mais arrojados em cada fase da sua vida. 

Ao traçar metas e objetivos, o PPV deve apresentá-los como de Curto Prazo e de Médio e Longo Prazo. É importante perceber onde se quer estar daqui a um ano, mas é também importante idealizar o que gostaríamos de ter alcançado daqui a cinco anos. 

Adicionalmente, o PPV deve ter também uma Parte Aberta e uma Parte Fechada. A Parte Aberta é aquela que podemos partilhar com o Clã (ou com quem se queira). A Parte Fechada é mais íntima, fica apenas com a própria pessoa e, idealmente, com o Chefe de Clã (caso o Caminheiro prefira partilhar com outro adulto, mesmo fora do movimento, também poderá fazê-lo, claro). Esta partilha com um “irmão mais velho” da Parte Fechada do PPV, permite que o Caminheiro sinta o compromisso de fazer tudo para alcançar aquilo a que se propôs: os seus sonhos! Quando se partilham os objetivos estes tornam-se reais, e assim o compromisso de os alcançar é mais real também. A partilha com o Chefe de Clã permite também que este ajude os seus Caminheiros a perceberem se estão a ser pouco exigentes consigo mesmos, ou o contrário. Estes são os principais argumentos e motivos para a partilha com o Chefe de Clã da Parte Fechada do PPV do Caminheiro. 

O PPV deve ser revisto com regularidade, no mínimo uma vez por ano. É importante acompanhar os sonhos traçados e perceber quando já foram alcançados, ou quando devemos reformular outros. É por isso que o PPV não é algo estático, mas sim completamente dinâmico. Para além deste dinamismo, o PPV pode também assumir variadas formas, desde escrito numa folha de papel branco, como desenhado em origami ou pintado num balão. Tudo depende da imaginação do Chefe de Clã e dos seus Caminheiros. 

Apesar de o PPV ser um dos elementos fundamentais da vivência da IV Secção, este não “acaba” quando se faz a Partida. Enquanto dirigentes, é importante que revisitemos o nosso PPV pois isso ajudará a passar a mensagem aos nossos Caminheiros, e ajudará também a perceber se estamos no caminho “certo”. 

O PPV é sobretudo uma ferramenta, para te ajudar a definir o teu caminho para a Felicidade – numa aproximação diária ao ideal do Homem- Novo! 

A Simbologia

Aos olhos de um Lobito, a realidade existencial de Deus é algo difícil de compreender. Mais próxima e mais concreta, é a imagem de Jesus, dado o conhecimento que o Novo Testamento oferece da sua dimensão humana. 

De Deus, para uma criança, importa realçar a sua ação como Criador do mundo em que vivemos e que belo esse mundo é! 

Assim, a ligação de um Lobito ao mundo espiritual faz-se essencialmente de duas formas: 

  •  A descoberta de Deus na vida concreta do dia-a-dia, ou seja, nos seres, nos objetos, nos acontecimentos, na Natureza, na beleza do que o Homem constrói e no próprio Homem.
  • Através do conhecimento de Jesus, nomeadamente da Sua infância e da Sua relação de amor com os mais pequeninos. 

Quando o lobito descobre as maravilhas da Natureza e vive alegre, contente, obediente, amigo de todos e disposto a imitar em tudo o Menino Jesus, percebendo que Este o ama, aprende a louvar o Criador. 

(fonte: escutismo.pt) 

Vara Bifurcada

Símbolo da necessidade de fazer ou renovar as suas opções, sinal de que o Caminheiro se compromete a aderir ao projeto das Bem-aventuranças.

Mochila

Onde transporta apenas o essencial para a jornada. Simboliza o seu desprendimento e a sua determinação de ir sempre mais além.

Tenda

Sinal da mobilidade e da sua rapidez de se pôr em marcha. Na Bíblia a tenda é um sinal da presença de Deus no meio do seu povo.

Pão

Transportado na mochila, alimenta o corpo, dado em partilha e comunhão.

Evangelho

O pão do Espírito, anúncio da Boa Nova de Cristo.

Fogo

Sinal da descida do Espírito Santo. É o fogo que ilumina e aquece o peregrino durante a sua caminhada. 

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O Sistema de Progresso

Baden-Powell apresenta-nos em “A Caminho do Triunfo” duas chaves para a Felicidade. Uma delas consiste em “não levar as coisas muito a sério, mas aproveitar ao máximo o que se tiver, olhar a vida como um jogo e o mundo como um campo de jogos.” O Escutismo deve ser vivido como um jogo e, por isso mesmo, existem algumas regras a considerar. 

Na IV secção foram delineadas duas grandes fases ao nível do progresso dos seus elementos: a integração e a vivência. A Integração consiste na Etapa do Caminho (antiga “Adesão”) onde o noviço/aspirante tem oportunidade de se integrar no Clã, valorizando a tomada de consciência individual sobre como funciona o mesmo, tendo contacto com a mística e simbologia e participando em atividades típicas da secção, preparando-se assim para a sua Promessa. Nesta fase, que poderá durar até 9 meses, a Equipa de Animação deverá realizar o Diagnóstico Inicial, uma vez que todos aqueles que chegam ao Clã trazem consigo vivências anteriores, que lhes conferem diferentes graus de autonomia e maturidade. A integração no Clã, nesta fase, é essencial. Este diagnóstico poderá ser realizado em conjunto com um caminheiro investido escolhido pelo noviço/aspirante, para que a conversa se torne mais natural e menos tímida. O Diagnóstico Inicial tem grande importância pois será a partir daí que o noviço/aspirante definirá o ponto em que se encontra, reconhecendo as suas áreas mais frágeis ou menos desenvolvidas, e conseguirá escolher os seus Objetivos Educativos, de forma a conseguir, efetivamente, progredir. Escolher os objetivos não é igual para todos, mas aconselha-se que se escolham 2 a 3 de cada área de desenvolvimento (Física, Afetiva, Caráter, Espiritual, Intelectual e Social) em cada uma das etapas do progresso individual. No PPV do Caminheiro deverão constar ações concretas para atingir os objetivos a que se propôs, partilhando a parte aberta do mesmo com o seu Clã, de forma a assumir os seus compromissos perante os seus pares. 

Em suma, é na Etapa do Caminho que o jovem inicia o seu percurso no Clã, apresentando-se como peregrino no testemunho de vida cristã, e assume o seu desejo em tornar-se Homem-Novo. É um tempo que dá lugar ao conhecimento de si próprio, comprometendo-se, para além do imediato, na construção de si mesmo e de um mundo melhor. 

A Vivência começa logo após a Promessa, em que o Caminheiro continua o seu percurso pelas etapas da Comunidade, Serviço e Partida, vivendo as propostas pedagógicas da secção. 

As etapas de Progresso

As etapas de progresso têm o mesmo nome das 4 dimensões do caminheirismo, embora sejam coisas distintas. Em cada Etapa deve valorizar-se cada uma dessas dimensões, mas as outras não devem ser deixadas para trás, abandonadas ou esquecidas.” in Manual do Dirigente 

A proposta de progresso no CNE assenta em 3 diferentes áreas, que são elas: os conhecimento, as competências e as atitudes, (CCA) com base em 3 vertentes do saber: o saber saber, o saber fazer e o saber ser. Deste ponto de partida aparecem as etapas de progresso que se desenrolam até à cerimónia da partida.

Adesão – Caminho 

É nesta fase que o caminheiro inicia o seu caminho em clã. É aqui que se dispõe a abrir horizontes e ver para além do possível. 

É aqui que aprende a viver como caminheiro conhecendo os seus símbolos e dando testemunho de vida cristã. É aqui que inicia uma lenta e paciente construção de si mesmo que terminará na cerimónia da partida.

Comunidade

Depois do caminheiro fazer a sua promessa, assume que quer pertencer ao clã e também ser ativo na tua tribo. É feito um apelo às Bem-aventuranças que dá sentido a um caminho conjunto feito pelo clã.

Serviço

O serviço aparece naturalmente nesta fase do percurso. Aparece como uma vontade de fazer mais e ser melhor. O serviço aparece com uma dinâmica de descoberta vivida numa ideia de “receber, dando-se em troca”. 

A dinâmica do serviço deve ser vivida individualmente, em tribo e em clã em ações que sejam mais que um “mini-serviço” onde se denote uma vontade de compromisso.

3ª Etapa – Construção

É nesta fase que se deve ser exemplo. Para os pares e também para a sociedade. Por isso é pedido que se esteja vigilante ao que se passa ao seu redor e é altura de se tornar ativo para o mundo. É nesta fase que se deve realizar o Desafio e dar testemunho dele. A cerimónia da Partida chega no final desta etapa e o Caminheiro deve preparar-se para ela mais intensivamente. 

Pretende-se que o progresso envolva os objetivos definidos para cada uma das áreas de desenvolvimento. Progredir significará, assim, atingir objetivos. 

Assim um caminheiro constrói cada etapa de progresso selecionando 2 a 3 objetivos educativos de cada uma das diferentes áreas de desenvolvimento. 

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