O Movimento
O Movimento Escutista é um movimento de educação para jovens voluntário, apolítico e aberto a todos sem distinção de género, origem, raça ou credo. O Escutismo oferece aos jovens a oportunidade de se desenvolverem emocional, intelectual, física e espiritualmente como indivíduos, como cidadãos globais responsáveis, membros das suas comunidades locais, nacionais e internacionais.
A organização do Escutismo a nível mundial é governada pela Organização Mundial do Movimento Escutista (OMME). A OMME é uma organização independente, apolítica, não governamental constituída por 164 Organizações Escutistas Nacionais. Estas organizações nacionais estão presentes em 224 países e territórios em todo o mundo. Com mais de 54 milhões de membros, dos quais 7 milhões de voluntários dirigentes, distribuídos por mais de 1 milhão de grupos de escuteiros locais, a OMME é um dos maiores movimentos de juventude do mundo. Calcula-se que mais de 500 milhões de pessoas já terão passado enquanto membros pelo Movimento Escutista.
O propósito geral da OMME é promover unidade e a compreensão do propósito e dos princípios do Escutismo, facilitando simultaneamente a expansão e desenvolvimento do Movimento.
A Missão
A Missão do Escutismo é contribuir para a educação dos jovens, através de um sistema de valores baseado na Promessa e Lei Escutistas, ajudando a construir um mundo melhor onde as pessoas são realizadas enquanto indivíduos e desempenham um papel construtivo na sociedade.
A História
Fevereiro de 1857
Nasce em Londres Robert Stephenson Smith Baden-Powell, carinhosamente conhecido como B-P e Chefe Mundial do Escutismo.
Não muito dado aos desportos, B-P prefere o contacto com a natureza, os acampamentos, a caça e a pesca, que pratica com os seus irmãos, desenvolvendo habilidades de pioneirismo e sobrevivência que mais tarde lhe serão úteis enquanto militar na Índia e em África.
Outubro de 1899
B-P estava na África do Sul e foi o comandante da célebre resistência ao Cerco de Mafeking durante a 2ª Guerra dos Boers, onde resistiu 217 dias até à chegada de reforços. Inspirado no Corpo de Cadetes de Mafeking, grupo de jovens que vigiavam, transmitiam mensagens e alertavam os visitantes da cidade perante a proximidade dos atacantes Boers, B-P começa a edificar os princípios do escutismo, materializando no Aids to Scouting, um livro inicialmente para militares que mais tarde se tornaria muito conhecido e usado nas escolas inglesas, um desafio e um instrumento para apoio à juventude.
Agosto de 1907
Na Ilha de Brownsea, no sul de Inglaterra, chefiados por Baden Powell, um grupo de 20 rapazes participaram no primeiro acampamento escutista da história. Organizados em 4 patrulhas, os Corvos, os Lobos, os Maçaricos e os Touros realizaram atividades de construção e montagem de campo, jogaram e caçaram. Foi também aí que se realizou o primeiro Fogo do Conselho, onde se contaram histórias, cantaram músicas e representaram peças de teatro. É a data que consagra o nascimento do Movimento Escutista.
Janeiro de 1908
Data da publicação do primeiro fascículo quinzenal do Escutismo para Rapazes, por B-P, livro técnico e de aventuras que se tornou no referencial maior do Escutismo e acompanha ainda hoje a formação de muitos jovens em todo o mundo. Mal começou a aparecer nas livrarias, o Escutismo para Rapazes começas a suscitar o aparecimento de inúmeros grupos de jovens, as Patrulhas, não só em Inglaterra como noutros países, que vivem entusiasticamente as aventuras relatadas no livro. A convite do próprio Rei Eduardo VII, B-P abandona o exército e dedica-se ao escutismo, edificando a partir daí, nas suas palavras, a obra da sua vida.
Agosto de 1920
Em Londres, 8.000 escuteiros de 34 países participam no 1º Jamboree Mundial do Escutismo. Sobre o lema “Developing World Peace”, surge logo após o término da 1ª Grande Guerra e tem como objetivo maior a construção da paz e da amizade entre os povos e as nações. Nele, B-P é aclamado Chefe Mundial dos Escoteiros.
Janeiro de 1941
B-P morre no Quénia, perto de Nairobi, num local tranquilo da floresta, tendo ao fundo a montanha com o pico coberto de neve.
Setembro de 2021
O Movimento Escutista Mundial conta com 54 milhões de membros, entre jovens, dirigentes e voluntários, oficialmente organizados em 164 organizações escutistas nacionais, estabelecidas em todas as regiões mundiais.
O CNE
O CNE – Corpo Nacional de Escutas é uma instituição de utilidade pública, conforme despacho governamental de 20 de julho de 1983 e publicação no Diário de República nº 177, II série, de 3 de agosto de 1983.
O CNE é uma associação de juventude sem fins lucrativos, não-política e não-governamental, destinada à formação integral de jovens, com base no método criado por Baden Powell e no voluntariado dos seus membros.
O CNE está implementado em cerca de 1.100 agrupamentos locais em todos os concelhos do território continental e regiões autónomas dos Açores e da Madeira, dispondo de uma rede de animação e coordenação territorial apoiada em meia centena de estruturas de núcleo e regionais, tendo como executivo nacional a Junta Central, que assegura a gestão e a implementação das políticas gerais e sectoriais do CNE.
O CNE é um movimento da Igreja Católica, ciente das responsabilidades que lhe advêm desse facto, bem como daquelas que a Hierarquia e o restante Povo de Deus têm para com a Associação. A Animação da Fé, característica do Escutismo do CNE, é feita naturalmente através do jogo escutista, vivido à luz de Jesus e do Evangelho, procurando contribuir para a formação humana e cristã dos seus associados, pelo testemunho da vida em comunhão eclesial.
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A Lei, Princípios e Promessa
A Lei e a Promessa constituem o ideário fundacional e fundamental do Escutismo, agregando e apresentando os valores por este preconizados em toda a fraternidade mundial.
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No Corpo Nacional de Escutas a Lei é:
- A honra do Escuta inspira confiança.
- O Escuta é leal.
- O Escuta é útil e pratica diariamente uma boa ação.
- O Escuta é amigo de todos e irmão de todos os outros Escutas.
- O Escuta é delicado e respeitador.
- O Escuta protege as plantas e os animais.
- O Escuta é obediente.
- O Escuta tem sempre boa disposição de espírito.
- O Escuta é sóbrio, económico e respeitador do bem alheio.
- O Escuta é puro nos pensamentos, nas palavras e nas ações.
O Corpo Nacional de Escutas definiu ainda três Princípios:
- O Escuta orgulha-se da sua Fé e por ela orienta toda a sua vida.
- O Escuta é filho de Portugal e bom cidadão.
- O dever do Escuta começa em casa.
Todos os membros do Corpo Nacional de Escutas, à luz dos princípios enunciados, aderem voluntariamente à Associação, no compromisso com a Lei, base de toda a ação escutista, pela Promessa, concebidas pelo Fundador do Movimento Escutista, nos termos seguintes.
Prometo, pela minha honra e com a graça de Deus, fazer todo o possível por:
- Cumprir os meus deveres para com Deus, a Igreja e a Pátria;
- Auxiliar o meu semelhante em todas as circunstâncias;
- Obedecer à Lei do Escuta.
O Método Escutista
O Método Escutista representa um sistema de educação progressiva, de natureza não formal, criado por Baden-Powell, que coloca a criança e o jovem no centro de toda a ação educativa, em respeito pelas suas necessidades, aspirações e ritmo, onde o educador assume o papel de acompanhador e enriquecedor do projeto educativo.
Centra-se em 7 elementos-chave:
1) A Lei e a Promessa Escutistas;
A Lei e a Promessa constituem o ideário fundacional e fundamental do Escutismo, agregando e apresentando os valores por este preconizados em toda a fraternidade mundial.
2) A Mística e a Simbologia Escutistas;
Consoante o escalão etário, o escuteiro vive um imaginário próprio, num ambiente que o envolve e que se traduz por um espírito e uma linguagem próprios, uma história com heróis e símbolos, induzindo a um sentimento de pertença em relação ao grupo e permitindo a transmissão de determinados valores. O Livro da Selva (de Rudyard Kipling) é o ambiente onde o Lobito vive as suas atividades. Para o Explorador, o imaginário desenvolve-se em torno da figura daquele que descobre, que vai mais longe e mais além. Para o Pioneiro, o imaginário desenvolve-se em torno da figura daquele que desbrava, que constrói e que desenvolve. O Caminheiro não possui um imaginário formal permanente, pois como jovens adultos que são já perspetivam as suas ações em prática no terreno real, na vida do dia-a-dia.
3) A Vida na Natureza
A Natureza constituiu sempre espaço e ambiente privilegiado para o desenvolvimento das atividades escutistas, permitindo às crianças e jovens o confronto com os seus próprios limites, o aproveitamento dos recursos naturais, a aprendizagem da vida com simplicidade, uma vivência saudável ao ar livre.
4) Aprender Fazendo
O Escutismo tem como objetivo ajudar as crianças e os jovens a desenvolver integralmente as suas capacidades, para que se tornem membros ativos e responsáveis na sua comunidade. Alcança-se em contexto de experimentação prática, pelo jogo e pela participação ativa nos processos de escolha, planeamento e execução de projetos.
5) Sistema de Patrulhas
Tal como idealizado por Baden-Powell, os escuteiros organizam-se em pequenos grupos (os bandos, as patrulhas, as equipas e as tribos) com identidade e vida próprias, uma liderança e uma organização, onde são chamados a assumir diversas tarefas para a promoção do bem-comum. O Sistema de Patrulhas promove um verdadeiro esforço de cooperação, onde cada jovem, com as suas especificidades e expectativas muito pessoais, cresce com os outros e entre eles.
6) Sistema de Progresso
É o Sistema de Progresso que procura conscientemente envolver cada criança e jovem no seu próprio desenvolvimento, constituindo a principal ferramenta de suporte ao progresso pessoal, assentando numa perspetiva simultaneamente individual (o Escuteiro) e coletiva (a Patrulha e o Grupo), considerando as características próprias de cada um e baseando-se num conjunto de objetivos educativos.
7) Relação Educativa
A relação educativa que se estabelece entre o adulto e a criança ou jovem constitui elemento essencial do método escutista. No Escutismo, o adulto é o garante da educação integral das crianças e jovens da sua Unidade, sendo a sua intervenção, por princípio, subsidiária. A ação pedagógica está centrada na própria criança ou jovem, chamado a ser, pela vivência do jogo escutista, protagonista do seu desenvolvimento. Ao adulto cumpre proporcionar um ambiente seguro e propício a uma aprendizagem de aprender-fazendo, bem como a conformidade da vida da Unidade com os ideais e os valores Escutistas.
Mais recentemente, o Envolvimento na Comunidade apresenta-se como o oitavo elemento do método escutista, não obstante este particular ter estado sempre presente nos princípios, na lei e nas práticas escutistas.